Tratando das recém chegadas
Primeiro passo: deixar as mudas na água pára elas se hidratarem um pouquinho.
Submergí-las em água por um quarto de hora. As folhas que estavam fechadas em grupos, se abriram preguiçosas. Embora sejam plantas de caráter suculento, esse pouco tempo em imersão não é prejudicial. Apenas seque-as bem, aplique uma dose de óleo de neem e espere secar novamente. Retire as folhas secas/amareladas e qualquer resíduo de corpo morto.
Segundo passo: arrumar o substrato. O substrato não deve conter argila em praticamente nenhuma proporção. Argila é uma partícula mineral/inorgânica muito pequena, que praticamente nenhum filtro físico consegue reter. É o que misturado com água forma lama. Partículas maiores são chamadas de silte, mas ainda são muito pequenas. Acima do silte, está a areia, com partículas já visiveis a olho nú. Maior que a areia já é considerado cascalho, não importa o tamanho. Vamos ter como exemplo uma obra que use cimento. O cimento é composto entre outros de cal e areia. A CaO (Cal) é um pó fininho granulado a ponto de argila, tanto que misturado com água forma uma pasta lisa, sem grumos. A areia é peneirada, o que passa pela peneira é silte e areia, o que fica é cascalho.
A composição do substrato deve ser predominante entre partículas do tipo areia e cascalho. (Lembre que isso é referente ao tamanho da partícula, e não ao material de que ela é feita).
Ainda, observe o padrão orgânico/inorgânico. Terra vegetal, fibra de coco, carvão, cascas carbonizadas, casca de pinus, xaxim, serragem, tudo isso é orgânico, e capaz de reter umidade e fornecer nutrientes, em geral. Areia, cascalho, cerâmica, gesso, perlita, vermiculita, tijolo triturado, tudo isso é inorgânico e em geral, inerte, não fornecendo nutrientes para a planta. A mistura deve ter em média uma parte de cada inorgânico/orgânico, em proporções aproximadamente iguais.
Outra característica importante é a compactação. Solos compactos tem menos aeraçãoe a umidade demora mais para se esvair, podendo ser abirgo para fungos e patógenos. Para tanto, vermiculita, perlita, carvão vegetal triturado, cacos de telha triturada, xaxim, casca de coco e pinus, que são partículas de tamanho grande, cascalho, impedem a compactação.
A saber:
Casca de pinus: Porque pinus e não outra planta? Porque os pinheiros possuem cascas ricas em resinas, e estas possuem propriedades bactericidas, portanto, sua decomposição é beeem lenta. São pedaços bem grandes que deixam o solo bem aerado
Perlita/vermiculita: São minerais do tipo riolito, mica e similares que passam por transformações físicas quando aquecidas. Há moléculas de água em seu interior que quando devidamenete aquecidas, estouram a rocha, que fica estufada, como pipoca. Assim, porosa e pouco densa, retém água em seus poros e fraturas. Não permite que o solo se compacte.
Fibra de coco: Derivada da entrecasca do coco verde, é seca e usada como substituto do xaxim. Em alguns anos se decompõe e pode compactar o solo, fazendo com que a planta necessite de transplantes com mais frequência. Contudo, libera nutrientes nesse processo, a saber:
Caracterização química da casca de coco-verde.
N P K Ca Mg Na
(g/kg)
6,52 1,42 11,5 6,80 1,79 12,5
Fe Cu Zn Mn M.O.*
(mg/kg)
1973,0 6,6 31,8 23,3 72,58
*M.O. – matéria orgânica em percentagem.
Carvão (e cascas ou sementes carbonizadas): Uso carvão vegetal, de churrasco, e marreto bonitinho até ficar com pedacinhos menores que meio centímetro. O carvão de quebra tem propriedades antifungicas, além de reter alguns nutrientes em excesso do solo. Porém, esse efeito se perde no decorrer do tempo.
Xaxim: Retém umidade e demora a se decompor, mas provém de uma planta em extinção, além de raramente ser comercializado.
Caco de telha, tijolo: Altamente poroso, não se degrada, absorve umidade e impede compactação. Porém, pode abrigar fungos e líquens, então fica a seu critério o risco.
A minha mistura adiante está semi-acabada. Contém 50% de areia, 25% de carvão (por isso a cor preta), 15% de perlita e 10% de terra vegetal com humus de minhoca. Embora não compacte facilmente, está muito fina. Devemos acrescentar fibras de coco ou xaxim e casca de pinus.
Na montagem, no fundo de cada vasinho, coloquei cacos de telha, areia misturada com carvão vegetal triturado (coloquei tudo num saco de papelão e marretei até virar farelo). O último um terço do vaso completei com composto de terra vegetal, areia, humus, pó de carvão, perlita, vermiculita (que vieram num saquinho, comprei em loja de aquarismo) e pó de pinus. Coloquei as plantas lá, dei um outro banho spray de solução de óleo de neem e deixei em semi-luminosidade, longe das chuvas aque andam destruindo a minha São Paulo.
Vou esperar elas se recuperarem desse trauma do plantio para a poda da raiz pivotante e dos brotos terminais delas. Quero que fiquem arvorezinhas, e não torres tristes, magrelonas.
Quando fui plantar a última muda, senti algo estranho. Seu caudex estava mole e escurecido. Podre. Sofreu com a viagem e agora estava sendo devorada por um fungo negro maligno, que estava "subindo" pela planta!
Em vermelho, a parte podre. Em azul, a parte sobrevivente da raíz.
Não deu outra. Cortei a parte podre, até chegar na parte verde, sem nenhum resíduo. Esterilizei com óleo de neem, cobri com cravo e canela em pó. Só cometi essa pode devido a existência de uma raizinha lateral beeeem pequenininha, mas que espero consiga nutrir a planta!
Vou esperar cicatrizar enquanto a planta aguentar, depois levo para o vaso. Deixo na água apenas uma hora do dia para a planta minimamente se hidratar. Vou cortar as folhas pela metade, para que diminua a perda de água pela folha.
Daqui duas semanas, a poda dos outros bebês!
Guilherme, tenho uma planta que aconteceu a mesma coisa, sou eng, agronoma, e demorei até descobrir uma tecnica que realmente funcione, mas desconbri, no meu caso a planta ficou sem nenhuma raiz, não sei como esta sua planta agora, se voce quiser eu te passo as fotos de como ela estava (muito pior do que a sua) e como esta hoje e o que eu fiz para resssucita-la! Como não acho o seu endereço de email, anote o meu elisatakano@gmail.com .
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